A marcha para um desenvolvimento sustentável nos
países Africanos é, definitivamente, ainda muito longa e, arrisco-me a dizer que
tudo o que temos feito em nome do desenvolvimento é, apenas, um rascunho à lápis
que basta uma borracha para apagar. Quando se desenham as estratégias parece
que não se procura observar a sustentabilidade a longo prazo. Portanto, neste
capítulo e em muitos outros a seriedade é um elemento escasso.
Aqui é muito fácil, em consequência da ignorância colectiva
que nos caracteriza, ficarmos satisfeitos por coisas como, por exemplo,
abertura de um novo furo de água, inauguração de uma nova estrada, abertura de
nova escola, construção de um novo hospital, etc. O problema é que a abordagem
que se utiliza nisto é aquela assente em pressupostos quantitativos e não
qualitativos, isto é, não se pensa em infraestruturas para o futuro. Não se pensa
em prover serviços com altos padrões de qualidade. O importante é, no fim,
dizer que fizemos.
Olha para a forma desorganizada como as nossas cidades
crescem? Olha como a expansão dos serviços públicos são feitos? Olha para a
qualidade dos serviços e das infraestruturas? Olha o lixo em volta ao luxo? Olha
para a forma desenfreada da exploração dos recursos naturais e a insegurança
que isto cria? Olha para os altos níveis de desemprego juvenil? Olha para o comportamento
dos servidores públicos? Olha para a corrupção generalizada? Olha para as taxas
de pobreza? Olha para a segurança alimentar? Etc.
Muitos líderes Africanos, eles próprios, são os
primeiros a atestarem a ideia de que os serviços públicos do país onde ele
morra e lidera são péssimos. Em caso de um mau estar, correm para tratar-se,
maioritariamente, em países de outros continentes ajudando, como é evidente, a
engordar as suas economias. Os seus filhos não estudam em escolas públicas do
seu país. As suas contas bancárias chorudas estão também fora do continente...
Em fim.
O que se pode aprender com isto é que os líderes africanos
tem plena consciência de que as infraestruturas e serviços do seu país são de
baixa qualidade. Eles, também, têm ideia de como um serviço de qualidade se
parece, ou seja, tem referências. Já que não podemos inventar a roda, quão difícil
é importarmos e adotarmos estes modelos em África? Quão difícil é inspirar um
modelo de liderança inclusiva e, verdadeiramente, interessada com o bem-estar
de todos? Quão difícil é inspirar um modelo de liderança coerente com os princípios
africanos? Quão difícil é...?