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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

NOSTALGIA DO MEU TEMPO


Sou um cidadão daqui. Acompanhei cada marca da nossa evolução rumo à divisão e ao individualismo. Uma falsa-evolução.

No meu tempo, a pobreza era divida no estilo de um por todos e todos por um. Actualmente há os seus merecedores. Tudo porque fomos confundidos com a história de “classes”. Assim, construímos um mundo onde há classes baixas, medias e altas. Cada uma com os seus privilégios. Somos formatados a pensar que a raça A é melhor que a raça B. Somos ensinados a desacreditar em nós mesmos. É por isso que para os problemas locais, soluções de fora.

No meu tempo, sobretudo quando era jovem, manifestávamos em uníssono sempre que os nossos direitos fossem usurpados. Não fazíamos por nós. Não fazíamos para que nos chamassem heróis. Fazíamos porque tínhamos uma visão do futuro. Hoje há tantos males a acontecerem, mas os jovens são tão neutros, tão invisíveis e insensíveis. Eles conhecem os problemas, murmuram, mas guiam-se pelo “laissez faire”.

No meu tempo, a dor era compartilhada. Hoje a dor é individualizada…”salva-se quem poder”. O nosso problema é egoísta: chama-se estomago. É por conta dele que trocamos o coração pela pedra. A regra é: primeiro EU, segundo EU, terceiro EU e a conta vai crescendo com os EUs sem ELES.

No meu tempo não vivíamos camuflados da nossa verdade: eramos nós mesmos. Hoje há tanta falsidade, há tanta vida de aparências, há tanta mentira. As pessoas fazem publicidade daquilo que não são. As pessoas preferem, com medo do seu verdadeiro fantasma, estar alcoolizados a lúcidos. Porque? talvez se perderam as referências. Socorrooo!

No meu tempo reuníamo-nos em volta da fogueira e passávamos horas a fio a partilhar estórias e experiências. Privilegiávamos, seriamente, a ideia de uma interacção interpessoal. Hoje, quase, não há isso: os nossos olhos são o ecrã e os nossos dedos são a boca. Estamos numa era em que muito se escreve e pouco se fala. Ainda assim, os índices de boa escrita são incipientes.


Parece que éramos felizes e não sabíamos….

terça-feira, 20 de setembro de 2016

HOJE INOCENTES, AMANHÃ CULPADOS

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3Xw9g6fr9nRlgsRt3bQIw9aYPuShzFafUpWEXhzzhNivxZdbKDhybK_612JqfIr63Rknj0emDbaBaPMPWFnUagIONlRLvQdjJBzNsJC8d4kXiSZh9cpBT8E4Q53NGUC2SN7wUFsP4Y7U/s1600/Sou uma criança. Nunca conheci o meu pai. Minha mãe disse-me que ele negou responsabilizar-se por mim e foi-se embora sem deixar pistas. Hoje tenho 5 anos e todos dias, sem excepção, seguro na mão da minha mãe, que é deficiente visual, e vamos pedir dinheiro nas esquinas da cidade que me vou nascer.

É preciso ter muita sorte para conseguir algum para comer. Em cada 100 transeuntes somente um dá-nos alguma moeda. É como se no lugar de coração as pessoas tivessem pedra. Nós só queremos um pouco de dinheiro para podermos ter comida. Comida que vocês despejam grandes quantidades naqueles contentores da rua em que eu e minha mãe pedimos esmola.

Também tenho um sonho. Gostaria de estudar e ser professora, mas não posso porque a rua toma mais o meu tempo e nega-me um direito importante: a educação. Já tenho 15 anos e nunca conheci a escola, por isso não consigo ter um emprego. Não tenho escolha, nós (eu e minha mãe) precisamos de dinheiro para “sobreviver”. Vou ser uma “prostituta”.

Não me culpem pela escolha que fiz. Não tenho culpa de nascer numa família pobre e num país onde não se pode ascender quando se não tem condições. Não pedi para nascer num lugar onde as crianças são, simplesmente, marginalizadas em diversos níveis. Não pedi para nascer num lugar onde a riqueza é para poucos e a pobreza é para muitos.


A prostituição é a minha profissão. Se eu fosse homem seria um ladrão. Você faria diferente? Se não conheces as minhas dores e lutas então não me culpes e não me julgues pelo que faço… Só quero sobreviver!

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