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quarta-feira, 11 de março de 2015

MATAR UMA LÍNGUA É MATAR A IDENTIDADE DE UM POVO

tenamensagem.blogspot.com
Quando Moçambique tornou-se independente, em 25 de Junho de 1975, adoptou o Português como a língua oficial. Com isso, visava-se efectivar a unidade Nacional, dado a heterogeneidade linguística no país. De acordo com O Ethnologue[1], Moçambique tem 43 línguas, das quais 41 são línguas bantu, também chamadas “línguas nacionais” na Constituição da república, e as restantes são o português e a língua de sinais.

Os dados do Censo de 1980, no conjunto das línguas faladas em Moçambique, o português era falado por cerca 25% da população, e constituía a língua materna[2] de pouco mais de 1% dos seus locutores. Nos dias que correm, este cenário alterou-se completamente devido ao “prestígio” que a língua portuguesa conquistou no espaço moçambicano. Podemos ilustrar isso com os dados do censo populacional de 1997, onde o número de falantes do Português é já de 39,6% deixando para trás o E-makhuwa, com 26,3%, seguida de Xi-changana,  com 11,4% e da E-Lomwe,  7,9%.

As motivações e factores desta tendência progressiva de valorização da língua oficial portuguesa em Moçambique em detrimento das línguas nacionais são apresentados por Perpetua Gonçalves nos seguintes termos:

“…Contribuíram certamente para este aumento o facto de o conhecimento desta língua constituir uma base indispensável à obtenção de benefícios sociais e económicos, o que faz com que, a nível urbano, esteja em curso um processo intenso de mudança de língua[3].

Como podemos ver, de forma sucinta, há aqui algum problema que assenta na valorização das línguas nacionais por parte dos moçambicanos. Prevejo eu, que dentro de meio século tenhamos um número insignificante de falantes de línguas bantu em Moçambique, pelo menos, se o cenário continuar assim. Não quero com isso dizer que não falemos o português, mas que saibamos falar também a nossa língua local. Não existe língua mais importante que a outra.

Os colegas de carteira que convivem diariamente comigo, na sua maioria, afirmam não saber falar a sua língua de origem, porém compreendem-na. O mais incrível e curioso é que este mesmo indivíduo fala Português, Inglês, Espanhol e uma infinidade de línguas. Porquê ridicularizar o que é nosso? Porquê não manter o mesmo nível de interesse em aprender a nossa língua?

Embora, a nível dos meios de comunicação social de radiodifusão pública, haja um esforço de transmitir conteúdos e fazer emissões em línguas locais não é o suficiente. Tomemos todos, de forma particular, a mão na consciência para não nos deixarmos “colonizar” e “confundir” por este “imperialismo cultural”.




[1] Uma instituição linguística de princípios cristãos que estuda principalmente línguas minoritárias para propiciar a seus falantes textos bíblicos em sua língua materna.
[2] É a primeira língua que uma criança aprende e que geralmente corresponde ao grupo étnico-linguístico com que o indivíduo se identifica culturalmente
[3] http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/portuguesmocambique.pdf

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

ONDE ESTÁ A CAPULANA?

A cultura não se obtém com um labor obtuso e intensivo e é antes o produto da liberdade e da ociosidade exterior. Não se adquire, respira-se. O que trabalha para ela são os elementos ocultos.

Sou um objecto, que desde o tempo primórdio, nasci em todas as comunidades, servindo de património de todos e todas que comigo encantam-se. Venho de muito longe, mas não de um lugar sem nome, pois, é da terra que nasço, partindo de uma pequena semente lançada na terra pelo árduo trabalho do homem, passa-se o tempo, fazem-se processos, e eu, já estou pronta. Pronta para ser usada cuidadosamente, lavada e passada a ferro para que as desconhecidas gerações conheçam quem eu sou e me valorizem com a mais infinita estimação.

Há algum tempo atrás, eu era das mulheres do campo e da cidade em toda a sua extensão, mas agora, as que mais me privilegiam são as mulheres do campo, e na cidade, só são as de origens mais antigas que de mim querem saber. A pena habita dentro de mim, as gerações modernas estão consumadas pela cultura estrangeira, esquecendo a sua verdadeira identidade que ilustra a africanidade, nas suas bocas o meu nome não passa, e se passa, é como um vento trazendo ideias transgressoras. E é daí que tão grande que sou, me torno numa Bulizinha, numa Sainha, estando tudo no grau diminutivo.
Não nego que seja envolvida pelas culturas estrangeiras, acredito que a minha valorização e promoção vem disto, vejo-me em grandes eventos, digo do desfile de moda, bordando o corpo dos africanos e não só nos locais longínquos da minha origem, fazendo com que esta gente me conheça, fazendo também que eu não seja apenas para alguns, mas para todos.

A infelicidade toma conta de mim, quando as pessoas fazem-me numa peça sem valor. Há gentes que queiram conviver comigo, prometem por si mesmas que se me alcançarem farão de tudo para o meu bem-estar, mas não tem como, tudo porque as possibilidades não são suficientes para o meu arrecadamento, e outras com possibilidades não vêm o quanto sou importante. Logo depois são os desprezos, mãos tratos entre outros que dia a pós dia, vou passando.

Vejam, do jeito que estou a ser inovada, agora posso ser e estar grudado no pulso em formato de pulseiras e também posso ajudar-te a carregar os teus matérias de escola em formato de pasta, posso refrescar-te em tempos de calor em formato de Pantalonas, Saias, posso proteger os seios das mulheres em formato de sutiãs, e ainda posso muito mais.


Tu aí! Queres que eu exista e continue a torna-vos lindos? Então clamo do vosso apoio, digam a todos da importância que tenho, digam ainda que mereço um tratamento especial, que eu sou a identidade cultural deles. Aos que querem continuar a desvalorizar-me, digo-lhes que ainda resta uma porção visível de tanta felicidade em mim, porque em cada país do continente que me viu nascer e crescer, existem datas em que as mulheres, até os homens me emancipam com tanta elevação, falo de datas, como se fosse só em estas datas que sou valorizada pelo meu povo. Muito pelo contrário, nos mais simples dias, me torno companheiro de todos nos seus locais de trabalho, compartilhando sentimentos e emoções de todos e isto vai contagiando as novas gerações. A todos que lutam pelo meu bem endereço-lhes um grande aceno de apreço, pois são com estes feitos que continuarei viva para sempre no seio do mundo em geral, e em particular, no seio da comunidade africana.

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