«Amanhã já não serei Director Geral da TVI. Chegam ao fim onze anos de colaboração intensa, militante, incondicional e apaixonada.
A empresa que vim encontrar há onze anos não é a mesma que deixo. Orgulhome de ter contribuído para que a TVI se transformasse naquilo que hoje é: uma Estação líder, diariamente ponto de encontro de milhões de portugueses, veículo incontornável para quem quer uma Informação verdadeira, independente e descomplexada sobre a Actualidade e berço da melhor ficção que Portugal tem para mostrar em Televisão.
Em poucos anos, com o seu entretenimento, o seu jornalismo e a sua produção ficcionada, a TVI operou uma verdadeira revolução no mercado português, para orgulho de todos os que aqui trabalham e colaboram. Costumo dizer, sem falsa modéstia, que se conseguiu construir a mais portuguesa das estações de TV do País, em cumplicidade plena com os espectadores, esses sim, os nossos verdadeiros parceiros estratégicos. Sem eles, o sonho ambicioso que havíamos desenhado nunca sairia do chão. A TVI de hoje é resultado dessa aliança estreita e da íntima relação de confiança que se estabeleceu com uma percentagem esmagadora da população.
Dos mais novos aos mais velhos, tenho sido privilegiado, nas ruas, com inúmeras manifestações de reconhecimento e simpatia pelo trabalho por todos desenvolvido.
Foi uma enorme honra fazer parte desta equipa e servir, sem restrições, o público que aceitou ser participante activo das mudanças que se operaram no mercado e que permitiram colocar a TVI no patamar de liderança em que se encontra.
Líder de audiências desde 2005 e, sem interrupção, desde 2006, é igualmente campeã de facturação e caso raro em rentabilidade. Longe vão os dias, dos quais não me esqueço, em que a sua sobrevivência estava em risco.
Obviamente, saio triste. Outra coisa não seria de esperar, depois de tanto tempo. O essencial, no entanto, fica feito. Há novos projectos desenhados e ideias lançadas que ficam nas mãos de outras pessoas que, certamente, com a competência, os ensinamentos, o bom senso e a experiência adquiridos ao longo de anos, saberão conduzir esta nau. Mas se saio de coração triste, também parto de consciência tranquila, convicto de que me orientei por princípios de honestidade e isenção, não aceitando pactuar ,até final, com orientações ou pressupostos susceptíveis de contaminarem o pacto de seriedade e de verdade celebrado com os nossos espectadores.
Fi-lo de forma persistente e resistente, atitude válida até este último dia de funções e que se manteve sempre inabalável independentemente das mudanças accionistas que o Grupo empresarial detentor da TVI sofreu.
Faço votos para que assim continue e que se preserve o espírito livre, inconformista e batalhador desta Empresa, imbuída de uma cultura de independência perante os Poderes que representa um dos seus activos mais importantes.
Agradeço, pois, a todos quantos cá trabalham pelos anos inesquecíveis que me proporcionaram. De jornalistas a técnicos, de repórteres de imagem a operadores e criativos de grafismo, de supervisores a escriturários, de apresentadores a motoristas, de vendedores a secretárias, de directores até ao mais humilde trabalhador.
A todos muito obrigado.
Uma palavra, também, de agradecimento a autores, actores, realizadores, músicos, iluminadores e equipas técnicas que comigo colaboraram na grande revolução ocorrida na ficção televisiva em Portugal. Fico, igualmente, em relação a eles, todos, com uma enorme dívida, que sei impossível de saldar.
Fabricámos sonhos, espalhámos emoções e mostrámos Portugal aos portugueses, com atrevimento e paixão. Conseguimos chamar a nós os melhores, ao mesmo tempo que descobríamos novos talentos. Tenho a certeza de que as estradas que se abriram conduzirão a oportunidades cada vez mais aliciantes.
A vida é feito de ciclos. Este chegou ao fim. Felicidades para todos. Até sempre!»
José Eduardo Moniz