A Ordem dos Médicos de Moçambique referiu-se em um relatório, que na província da Zambézia só há um médico para cada 30 mil
habitantes, isto é, a província está dependente de profissionais estrangeiros e
há uma grande falta de especialistas. Actualmente, os pacientes com doenças
consideradas graves são transferidos para os hospitais centrais da Beira, de
Nampula e de Maputo.
Vale a pena lembrar que vivem um pouco mais quatro milhões de
pessoas na província central da Zambézia, mas só existem 165 médicos, 35 dos
quais são estrangeiros. Dos restantes 130 nacionais, apenas cinco são
especialistas nas áreas de medicina dentária, pediatria e psiquiatria, e apenas
um é cirurgião.
O número é insuficiente para cobrir a
procura. Estamos, infelizmente, com um rácio superior a um médico para 30 mil
habitantes. Era, no meu ponto de vista, ideal que este número fosse inferior a
pelo menos 5 mil habitantes.
Este cenário leva-me a pensar que a qualidade
de prestação dos serviços nesta província só é maior quando diminui o número de
utentes por médico. Mas isso, no contexto moçambicano parece uma utopia, porque
num universo de 30 mil pessoas a probabilidade de redução de utentes por médico
pode não ser tão significante como se pensa.
Esta é uma oportunidade ímpar para as
instituições começarem a pensar de forma comprometida na necessidade de
formação de mais médicos nacionais, não só generalistas, mas também
especializados em diversos ramos de saúde porque tal como a Zambézia, outras províncias
não tem médicos suficientes para responder ao número da população.
É verdade que numa primeira fase vão
ser necessários médicos generalistas, mas depois vamos de médicos
especialistas: Mais ginecologistas e obstetras, mais cirurgiões, mais
pediatras, mais dermatologistas, mais oncologistas. Este é um processo contínuo
e que as instituições vocacionadas devem encarar, reafirmo, com muita
seriedade.
Aos estudantes de medicina é preciso
deixar de preferir trabalhar apenas nas grandes cidades, porque o que se tem
notado é um número asfixiante de recém graduados em medicina geral ou não
preferindo trabalhar nos centros urbanos a suburbanos. Pois, enquanto houver um
défice de “recursos humanos” – resultante desta centralização - os serviços de
saúde ficarão aquém do desejado.
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