Adelino Gwambe foi o
percursor da União Democrática de Moçambique, o primeiro partido político
moçambicano, em 1960, com apenas 20 anos de idade. Marcelino dos Santos, Fanuel
Malhuza e Uria Simango – todos estes muito mais velhos, com acima de 35 anos,
foram seus subalternos na Udenamo. À altura da formação da Frelimo, resultante
da fusão da Udenamo, Unami e Manu, Gwambe já tinha um passado de militância
revolucionária, sob influência de revolucionários zimbabweanos. Em meados de
1961, quando se radicou em Dar-Es-Salam, Gwambe era considerado uma figura com
ideias pouco ortodoxas. Ele advogava a guerrilha imediata contra o colonialismo
português muito antes de esse percurso vir a ser decido por Mondlane e seus
continuadores.
A ligação de Adelino
Gwambe com então governo do Gana, por via do seu amigo pessoal e presidente
daquele país africano Kwame NKruma, não terá sido bem vista pela Tanzania,
antogónico ao do Gana no que respeita ao pan-africanismo.
Julius Nyerere, presidente da Tanzania, e Kwame Nkruma disputavam a partenidade da causa de libertação de Moçambique. O governo de Nyerere acabaria por declarar mais tarde Adelino Gwambe “persona non grata” na Tanzania alegadamente porque nas vésperas da independência deste país declarou, numa conferência de imprensa, que a Udenamo já havia feito preparativos para o início da luta armada em Moçambique. As suas notas biográficas referem que Adelino Gwambe nasceu na província de Inhambane, em 1940. Sabe-se igualmente que trabalhou no Buzi, então distrito de Manica e Sofala, antes de se refugiar em Bulawayo, segunda maior cidade da então Rhodesia do Sul, hoje Zimbabwe.
Quando se dá a eleição do
presidente da Frente de Libertação de Moçambique de que viria a emanar, já
depois da independência, uma ala que adoptaria o mesmo acrónimo – Frelimo – ao
criar o partido hoje no poder, Adelino Gwambe não esteve presente. Decorria o
1.º Congresso da Frente e Adelino Gwambe estava na Índia. No seu regresso, na
contra-mão da unanimidade da eleição de Mondlane como lider do movimento, as
rixas entre ambos agudizam-se. Gwambe
acusava Mondlane de estar “sob vassalagem do imperialismo americano”. As
ligações de Eduardo Mondlane aos Estados Unidos da América estão hoje bem
documentadas. A CIA, através da Fundação Ford, apoiou financeiramente a
construção do Instituto Moçambicano para formar quadros moçambicanos no exilio.
O jornal Freedom Fighter, na altura, publicou um artigo em relatava que
Mondlane recebera 96 mil USD, naquele tempo uma quantia avultada. Mais tarde,
afastado da Frente de Libertação de Moçambique, Adelino Gwambe funda a Coremo, e embora ainda hoje não provado
há dados que indiciam que possa ter sido também executado por decisão extrajudicial,
em M´telela, pelos seus pares de primeira hora.
Sem comentários:
Enviar um comentário