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segunda-feira, 28 de março de 2016

DEPENDÊNCIA DE MÉDICOS ESTRANGEIROS DEVE SER COMBATIDA

A Ordem dos Médicos de Moçambique referiu-se em um relatório, que na província da Zambézia só há um médico para cada 30 mil habitantes, isto é, a província está dependente de profissionais estrangeiros e há uma grande falta de especialistas. Actualmente, os pacientes com doenças consideradas graves são transferidos para os hospitais centrais da Beira, de Nampula e de Maputo.

 
Vale a pena lembrar que vivem um pouco mais quatro milhões de pessoas na província central da Zambézia, mas só existem 165 médicos, 35 dos quais são estrangeiros. Dos restantes 130 nacionais, apenas cinco são especialistas nas áreas de medicina dentária, pediatria e psiquiatria, e apenas um é cirurgião.

O número é insuficiente para cobrir a procura. Estamos, infelizmente, com um rácio superior a um médico para 30 mil habitantes. Era, no meu ponto de vista, ideal que este número fosse inferior a pelo menos 5 mil habitantes.

Este cenário leva-me a pensar que a qualidade de prestação dos serviços nesta província só é maior quando diminui o número de utentes por médico. Mas isso, no contexto moçambicano parece uma utopia, porque num universo de 30 mil pessoas a probabilidade de redução de utentes por médico pode não ser tão significante como se pensa.

Esta é uma oportunidade ímpar para as instituições começarem a pensar de forma comprometida na necessidade de formação de mais médicos nacionais, não só generalistas, mas também especializados em diversos ramos de saúde porque tal como a Zambézia, outras províncias não tem médicos suficientes para responder ao número da população.

É verdade que numa primeira fase vão ser necessários médicos generalistas, mas depois vamos de médicos especialistas: Mais ginecologistas e obstetras, mais cirurgiões, mais pediatras, mais dermatologistas, mais oncologistas. Este é um processo contínuo e que as instituições vocacionadas devem encarar, reafirmo, com muita seriedade.


Aos estudantes de medicina é preciso deixar de preferir trabalhar apenas nas grandes cidades, porque o que se tem notado é um número asfixiante de recém graduados em medicina geral ou não preferindo trabalhar nos centros urbanos a suburbanos. Pois, enquanto houver um défice de “recursos humanos” – resultante desta centralização - os serviços de saúde ficarão aquém do desejado.

sábado, 26 de março de 2016

"Anualmente reprova um estudante por plágio na disciplina de Metodologia de Investigação Cientifica"


O plágio em trabalhos de culminação de curso – uma prática pouco ética – em universidades moçambicanas tem sido um denominador quase que comum. Os estudantes na sua maioria forma-se, porém tornam-se fobicos em relação a escrita de suas monografias, o que podia ser amigo dos académicos torna-se grande inimigo. O que devia durar pouco tempo, leva mais tempo do necessitado. Tal como podemos ver, recentemente, foi publicado um estudo por Peter Coughlin que dava conta que cerca de 75% de teses nas principais universidades moçambicanas têm plágio.

Mário Fonseca, docente da Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane

Nesta esteira conversamos com docente universitário e investigador Mário Fonseca e de lá ficamos adentro de algumas nuances que demarcam esta problemática de cabelos brancos. Nas próximas entrelinhas, Fonseca compartilha connosco a sua experiencia como docente da disciplina Metodologia de Investigação Cientifica – MIC bem como as técnicas por ele usadas de modo a controlar o nível de plágio em trabalhos realizados na sua cadeira.

Que temáticas são lecionadas semestralmente na cadeira de metodologia de investigação científica?

A primeira tem a ver com as bases de investigação em ciências sociais. Como a investigação começou a fim de compreendermos os paradigmas deste campo de estudo.

Depois evolui-se para a pesquisa em si, pensada de forma teórica, isto é, o que um pesquisador deve ter em conta para fazer a investigação. Quais são as etapas que nós precisamos cumprir para que nos considerarmos que estamos a fazer um trabalho de investigação? Como é que podemos identificar um problema científico? Estas discussões ajudam-nos a compreender o que é um problema científico e outro que não seja desta natureza até chegarmos a fase em que o estudante sabe formular hipóteses, situar o seu discurso dentro de um paradigma de pesquisa, esteja enfim habilitado a ir para o campo.

Embora não tenhamos tido tempo para que o estudante vá ao campo, temos feito um esforço para que está etapa seja praticada. O estudante recolhe informações e produz um relatório contendo a interpretação dos resultados e a sua respetiva conclusão.
De forma resumida podemos dizer que temos três etapas nomeadamente: A primeira é ensinar os estudantes como é que surgem os métodos. A segunda é aquela em que nós ensinamos a parte teórica: o que é um trabalho científico? A terceira e última é a Recolha de dados para a sua posterior interpretação em um relatório de pesquisa.

As temáticas ajudam ao estudante a compreender a importância de uma pesquisa científica?

Essa pergunta seria mais complicada se perguntasses em que medida, mas dito desta maneira, naturalmente que ajuda nem que seja em 20%.

Na avaliação dos trabalhos que recomenda aos estudantes, usa alguma técnica de deteção de plágio?

É preciso reconhecer que não é fácil controlar o plágio. Dependendo do nível em que o estudante plagia. Porque existe uma espécie de “plágio” em que provavelmente o estudante por falta de atenção deixa de referenciar, mas não sendo este um comportamento intencional. Porém atenção que este tipo de plágio, não pode ser detetado, no mesmo trabalho, mais de duas vezes.

Em segundo lugar, existe um plágio mais fácil de identificar, aquele que consiste em copiar um trabalho inteiro e ir mudando alguns aspetos aqui e acolá. Não obstante seja a coisa que menos desejo dos meus estudantes, anualmente, sem falha, reprova um estudante por plágio. E os casos que eu encontrei são os de grandes quantidades de páginas plagiadas. O estudante pega, por exemplo, a seguinte frase: “educação politécnica e a escola de trabalho em Moçambique” e troca o Moçambique por Gaza.

Agora com o advento da internet ficou um pouco mais fácil identificar plágios. Há pogramas específicos que ajudam para tal. E o que eu uso é o motor de busca Google, isto é, o trabalho de que suspeito ter algum tipo de plágio, copio os trechos e coloco-os no Google para ver a correspondência ou semelhança. Caso encontre uma correspondência igual ou acima de 50 % no sentido e na forma, este é um trabalho que nem vale a pena considerar.

Qual é a Critica que faz a iniciação científica na Escola de Comunicação e Artes?

O tempo nunca é suficiente para fazermos nada. O tempo não é suficiente para ensinar um estudante a investigar, mas o principio é que nem todos os estudante se mostraram apaixonados com o ramo de pesquisa em sim. Se os desenhadores do currículo pusessem a enfase na iniciação cientifica. Isso iria lesar os outros que estão ali mas somente querem ser apresentadores de televisão de noticiário, então é preciso colocar uma dose em tudo.

O tempo não é suficiente, mas é o tempo que temos que saber trabalhar dentro das limitações. Agora, se nós estamos num bom caminho, eu acho que nós estamos a aprender. Na minha curta experiencia na lecionação desta cadeira – Métodos de Investigação Cientifica – primeiro comecei com os trabalhos escritos apenas e depois há o problema que não conseguimos controlar em que medida é o trabalho pertence ao estudante, então introduzi a apresentação e defesa do trabalho escrito. Porquê?

Porque apercebi-me que no fim do curso. Quando os estudantes vão defender a monografia eles enfrentam mais dificuldades de apresentação e defesa. E as dificuldades, muitas vezes não porque o estudante não tem conhecimento, isto sim, porque ele nunca falou em público. Nesta lógica realizamos uma oficina de comunicação com este intuito e um pouco mais para conhecer quem são aqueles que têm inclinação para a área de pesquisa e os opostos.


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