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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E AS “RELAÇÕES SOCIAIS”


Vivemos num mundo paradoxal, de constatastes mutações produzidas pela globalização[1], pela sociedade de consumo e pela sociedade de informação onde a imaginação humana tem inventado novos artefactos com a intenção de facilitar a vida em sociedade. Tal invenção tem-se na aceleração das mudanças sócias sem precedentes na história da humanidade.
Entre os artefactos constam as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) que ao penetrarem no mundo da vida dos indivíduos permitem fazer coisas que antes da sua invenção não eram possíveis, como por exemplo, o deslocamento, contacto e os relacionamentos sociais a distancia e virtuais, demonstrando que as formas de convivência estenderam-se no temo e no espaço. Das novas TIC que possibilitam estes factos constam o computador (incluindo a internet, o e-mail, etc) e o celular[2].

De acordo com um estudo sobre “Transformações e Influencias do Celular nas Relações Sociais: Um estudo de caso das percepções e práticas sociais sobre o uso do celular no quotidiano e nas relações entre casais, cidade de Maputo”[3] publicado na revista Estudos Moçambicanos” concluiu que, este artefacto – o celular – altera os hábitos, valores prioridades dos indivíduos; que os mesmos são dependentes do celular, dado que, este se encontra sempre perto e ligados; com o celular é possível emergência de manifestação e práticas informais de controlo social e de fiscalização entre os casais; com o celular a vida dos casai se torna imprevisível e em consequência do uso do celular novas regras de convivência social entre os casais.

Entretanto, este estudo veio demonstrar que “quanto mais as possibilidades de comunicação, maior é a incomunicação” – parecia uma afirmação longe da nossa realidade, porém, não é mais. E, como sabemos, onde não há comunicação é porque não há entendimento entre os sujeitos. Como consequência final, os indivíduos estão, cada vez mais, a desvalorizar a comunicação interpessoal – que é mais rica – e vivem neste de comunicação “mascarada” – a virtual. Apesar destas desvantagens das TIC, elas afiguram-se nos dias actuais de grandes vantagens se forem usadas de forma inteligente.




[1] Segundo Anthony Giddens (1991) globalização é a compreensão do tempo e o espaço, onde os fenómenos que se manifestam em lugares muito distantes se fazem sentir em muitos outros lugares.

[2] Segundo o repórter cientifico Americano James Gleicko (1994), um telefone celular ou um telemóvel é um aparelho de comunicação que permite a transmissão bidireccional de voz e de dados utilizáveis em uma área geográfica que se encontra dividida em células ( de onde provem a nomenclatura celular). Telefone celular, ou simplesmente celular ( plural de de celulares).
[3] Revista de Ciencias Sociais e Humanas – CEA: UEM, Estudos Moçambicanos, Volume 23, Março de 2014

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O METICAL - "Mais do que um Jornal"


A importância da obra de Carlos Cardoso não reside apenas no resultado prático da sua acção. Cardoso trabalhava na transcendência. Ela mexia no tempo que está dentro do tempo. Como quem lida com sementes.


O último jornal que ele criou o “METICAL” era mais do que um simples órgão de informação. Era um suporte para criar e semear pensamento. Um instrumento para encontrar soluções, uma espécie de lanterna entre a escuridão e o silêncio.  

O jornal não caminhava sozinho. Não se limitava a fazer a denúncia, não apelava aos chamados órgãos “competentes”. Ele intervinha no quadro de uma estratégia geral que Carlos Cardoso usava para mudar o mundo. O pequeno jornal agia em conjunto com os espaços de debate público (o Fórum METICAL), e articulava com a sua acção como deputado na Assembleia da Cidade. Não bastava que fossemos leitores. Cardoso nos convidava para irmos com ele para os territórios que caminhavam junto com o seu pequeno jornal.


Encontre reunidas todas as edições do METICAL do seu nascimento ao seu desaparecimento. Este era um projecto que ele próprio concebera e que, agora um grupo de amigos acabou concretizando. Este é o METICAL. Aqui está o corpo. Aqui está também a tradução de uma alma que transcende do registo escrito. A generosidade de quem se entregou aos outros, de quem nunca esperou outro retorno que fosse a entrega dos outros, de quem soube ser um homem bom e puro num mundo impuro e à espera de ser melhor.


Por: Mia Couto
Todas as edições do metical em: http://www.cip.org.mz/metical 

domingo, 25 de janeiro de 2015

COMO TORNAR UMA CRIANÇA “DELINQUENTE?” - (RECEITAS)

“Ensine a criança o caminho em que deve andar, e quando for velho não se desviará dele”. Provérbios 22:6
A verdade deste versículo que orientou as famílias cristas através dos séculos, está a ser contestada nos nossos dias. Em matéria de educação das crianças, a filosofia que hoje prevalece é a do “laissez faire”, de deixar a criança fazer tudo, nada de interferência, nada de disciplina, com receio de que isso vá causar um recalque.


Em tom irónico, o Departamento da Polícia de Houston, no Texas, preparou e publicou um boletim com o título: como fazer um delinquente, como advertência aos pais que se demitem da sua responsabilidade na educação dos filhos.
  • 1   Comece na infância a dar a criança tudo o que ela quer. Deste modo, vai crescer pensando que o mundo deve-lhe favores.
  • 2.    Quando ela disser um “palavrão”, ria-se com ela. Vai fazê-la crer que é engraçada.
  • 3.    Nunca lhe dê orientação espiritual. Espere até aos 21 anos de idade, e então decidirá por si.
  • 4.    Recolha e organize tudo que ela deixa espalhado pela casa: livros, sapatos, roupas; faça tudo para ela, de modo que aprenda a atirar as responsabilidades sobre os outros;
  • 5.    Brigue frequentemente na sua presença. Deste modo, não ficará muito chocada quando os pais se divorciarem mais tarde.
  • 6.    Dê a criança todo dinheiro que ela quiser. Que nunca aprenda a ganhá-lo com seu próprio esforço. Porquê ter uma vida tão dura como a tua?
  • 7.    Satisfaça-lhe todo o desejo de comida, bebida e conforto. Privação pode levar a frustrações prejudiciais.
  • 8.    Ponha-se ao seu lado contra vizinhos, professores, policias. Todos têm preconceitos contra o teu filho.
  • 9.    Quando tiver problemas mais sérios, desculpa-te, dizendo: “nunca pude fazer nada com ele.
  • 10. Prepare-se para uma vida de desgostos. Você contribuiu para isso.

Parecem-te antiquados este conselhos? Então espere a tua vez de procurar o teu filho numa esquadra de polícia, como tantos outros pais têm feito.

A criança sente a disciplina no lar como sente o fundo de uma piscina: dá-lhe o sentimento de segurança. Sabe até onde ir sem se afogar. Longe de ser uma causa de frustrações, a disciplina amorosa é a melhor salvaguarda contra a ansiedade e delinquência.



In: Ano Bíblico II, I Timóteo – Juvenis: II Coríntios 9.  

Imagens retiradas do www.repel.com.br e 

sábado, 24 de janeiro de 2015

QUE MUDANCAS PARA O NOVO GOVERNO?

Moçambique vai conhecer no próximo quinquénio uma nova estrutura governativa que, apesar da mesma cor política, aparenta, através dos discursos apresentados no âmbito da investidura do mesmo, ser um governo inovador na medida em que este traz novos elementos que se transladados do campo teórico para prático poderão, entretanto, mudar radicalmente (para melhor) o nosso país.

Já imaginaram um estado intolerante à corrupção, nepotismo, clientelismo e favorismo? E com uma administração pública que paute pelo profissionalismo e mérito? (Ideologias do novo presidente da república, Filipe Nyusi) Seria, simplesmente, uma maravilha… infelizmente, isso não passa de uma utopia (intuição minha).

Se estas aspirações não pararem apenas no papel, entraremos num novo paradigma que se vai chamar “mudança” no verdadeiro sentido do termo – “a força da mudança”.

Mudar envolve, necessariamente, (A) capacidade de compreensão e (B) adopção de práticas que concretizem o desejo de transformação. Isto é, para que a mudança aconteça, as pessoas precisam estar sensibilizadas por ela – devemos todos ter uma consciência que nos leve até lá.

Este processo social tem, frequentemente, causado nas pessoas um sentimento defensiva, com temor ou rejeição, na maioria das vezes. Mesmo pessoas mais esclarecidas e actualizadas revelam-se surpresas com as mudanças sociais, políticas, económicas, tecnológicas, culturais, ecológicas, etc., que acontecem ao longo da vida. Essas transformações fazem com que a vida não seja um caminho linear.

Como podemos ver, de forma breve, o facto do Actual Governo ter apontado elementos como a) corrupção, b) nepotismo, c) clientelismo, etc., no seu discurso de investidura, leva-nos a concluir que este tem (A) capacidade de compreensão dos reais problemas da nossa sociedade, mas, não sabemos se este terá a capacidade de (B) adopção de práticas que concretizem o desejo de transformação.


PERGUNTAS PARA A REFLEXÃO E INVESTIGAÇÃO

1. Acha que os novos pilares da administração pública (profissionalismo, meritócracia) serão tomados em conta? Quem deve instigar?

2. Será que estes elementos são realmente novos? Se não forem, porquê terão falhado?

3. O facto de o Nyusi ser Presidente da república e Guebuza presidente da Frelimo, não poderá influenciar para o cumprimento das ideologias do primeiro?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

BOAS INSTITUIÇÕES E O CRESCIMENTO ECONÓMICO

Em 2003, a revista do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou vários estudos sobre “As Causas Profundas Da Pobreza”. Esses trabalhos demonstraram, em particular, uma ligação estreita entre o crescimento económico e as “boas instituições”. Com efeito as sociedades dotadas de “boas instituições” prosperam, do ponto de vista económico, mais rapidamente do que aquelas que não reúnem estas condições.

O QUE SIGNIFICA OS TERMOS “BOAS INSTITUIÇÕES”?

DARON ACEMOGLU, em particular, defendeu que o conceito de “boas instituições” apresenta três características nomeadamente:
  1. Elas incitam os indivíduos a investir e a participar na vida económica; limitando a acção das elites, dos políticos e de outros grupos poderosos;
  2. Elas impedem de se apropriar dos rendimentos ou investimentos de terceiros ou de falsear as regras do jogo; e promovendo a igualdade para vários sectores de da sociedade;
  3. Elas encorajam o investimento, nomeadamente no capital humano, e a participação à produção económica.

Mas o surgimento de “boas instituições” não segue, regra geral, sempre um caminho racional. Por outras palavras, nada implica que uma sociedade determinada gravitará naturalmente para a criação de ”boas instituições”.

As dificuldades a reformar as instituições explicam-se pelo facto que “… qualquer mudança maior cria vencedores e vencidos, e que esses últimos têm, muita das vezes, o meios de se opor as mudança”. Essas observações inacabadas demonstram o interesse em torno da revisão Constituição da República de Moçambique.

PERGUNTAS PARA A REFLEXÃO E INVESTIGAÇÃO

1.     Será que já as instituições contempladas na Constituição vigente são “boas”?
2.    Será que elas garantem suficientemente o respeito pelos direitos de propriedade para a maior parte da população?
3.    Será que elas conseguem limitar e, de uma certa forma, controlar eficazmente, a “acção das elites, dos políticos e de outros grupos poderosos”?
4.    Será que elas promovem suficientemente a igualdade para vários sectores da sociedade?  

Referência bibliográfica
ACEMOGLU D., “causes profondes de la pauvreté. Une perispective historique pour évaluer le rôle des institutions dans le développement économique”, op. Cit., p. 27; EDISON H., “Qulité des institutions et resultants économiques”, op. cit., p. 36.

ACEMOGLU D., op. Cit., p. 30

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