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sexta-feira, 17 de abril de 2015

QUALIDADE DE ENSINO EM MOÇAMBIQUE: DE QUEM É A CULPA?

Nos últimos tempos, tem se discutido com alguma efervescência (o que já é bom) a temática de qualidade de ensino no nosso país, porém, há um denominador comum em quase todos os discurso que acompanhei – todos procuram identificar o culpado, neste caso, o professor é a vítima. Puxando o debate para um campo mais científico, penso que falar da qualidade de ensino num País como Moçambique é, antes de mais, debruçar-se sobre as percepções e motivações deste professor, procurando localizar-lhe no tempo e no espaço.

A psicologia ensina-nos que o grau de percepção, assim como de motivação, são determinadas pelas necessidades, pois o organismo age de forma intencional voluntária ou involuntariamente, para buscar o “optimum de equilíbrio fisiológico, social e humano”.

O Teórico Abraham Maslow: afirma que as motivações humanas obedecem a uma hierarquia de necessidades e desejos. Essas necessidades vão desde factores que garantem a sobrevivência até as que nos levam às melhores transformações e evoluções, dentro dos campos situacionais, profissionais e existenciais. Os tipos de necessidades então seriam:

1.     Fisiológicas (fome, sede, ar, sexo e sono),
2.    Segurança (abrigo, protecção e ausência de perigo),
3.    Amor (filiação, aceitação e sentimento de pertencer),
4.    Estima (realização, aprovação, competência e reconhecimento),
5.    Autorrealização (possibilidades de uso das potencialidades individuais, com contínuo aprimoramento).

Para Maslow, quando uma dessas necessidades permanece insatisfeita, pode dominar todas as outras, isto é, quanto maior for o grau de satisfação e realização das necessidades, maior também seria a motivação humana para o crescimento e desenvolvimento social/individual.

Essa visão explica os interesses e as formas de funcionamento das pessoas em geral e faz com que identifiquemos os motivos que levam as pessoas a estarem em diferentes níveis de motivação, possibilidades e aspirações, no campo do trabalho, principalmente.

É verdade que não é possível satisfazer todas as necessidades do homem, dado que, estas são infinitas. Todavia, se as necessidades Fisiológicas (fome, sede, ar, sexo e sono) e de Segurança (abrigo, protecção e ausência de perigo) forem satisfeitas pelos PROFESSORES, já estaremos a dar, certamente passos galopantes para a tão almejada qualidade de ensino. Acredito que as outras necessidades serão satisfeitas se as duas primeiras estiverem realizadas pelo indivíduo. Então!? Como fazer isso?

Para além de um salário que se coaduna com a realidade do mercado moçambicano, penso que há um factor bastante fundamental, e que deve ser dada devida atenção para ultrapassarmos isso de forma inteligente. É preciso apostar na segurança alimentar para todos os moçambicanos. Ora vejamos que de acordo com um estudo feito sobre a “Analise da pobreza em Moçambique” cerca de 45% dos menores de cinco anos sofriam de desnutrição crónica em 2009 ou seja, tinham uma altura-para-idade muito baixa, uma melhoria em relação a 49% em 1997. Estas taxas de subnutrição estão entre as mais altas do mundo[1].





















Dentre várias consequências da desnutrição temos o atraso no desenvolvimento corporal e intelectual nas crianças. Logo, o grau de percepção de uma matéria escolar,, inteligência e criatividade depende, em grande parte, dos antecedentes alimentares.
É aconselhavel o uso de alimentos que contenham ferro em todas as fases da vida, mas, em especial, em bebés e idosos, que possuem uma necessidade maior de ferro no organismo para aumentar o seu cérebro e isto, por sua vez, a capacidade de aprendizagem. 
Exemplo:

Como podemos ver, a qualidade de ensino em Moçambique está em baixo nível qualitativo, não apenas pelas políticas educacionais que estejam a falhar, mas a actuação deficitária de outros sectores da sociedade afecta directa ou indirectamente o funcionamento do da educacao. Por exemplo, enquanto tivermos problemas de alimentação teremos naturalmente problemas de qualidade de ensino. Por isso, penso que seja extremamente preciso que todos os sectores se harmonizem e trabalhem com planos integrados. Caso contrário, não se pode falar de uma qualidade de ensino enquanto as necessidades fundamentais de muitos mocambicanos permanecerem insatisfeitas. 



[1] Bart van den Boom, Análise da pobreza em Moçambique, Março de 2011, Maputo, 55p

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