Nos últimos tempos, tem se discutido
com alguma efervescência (o que já é bom) a temática de qualidade de ensino no
nosso país, porém, há um denominador comum em quase todos os discurso que
acompanhei – todos procuram identificar o culpado, neste caso, o professor é a vítima.
Puxando o debate para um campo mais científico, penso que falar da qualidade de
ensino num País como Moçambique é, antes de mais, debruçar-se sobre as percepções
e motivações deste professor, procurando localizar-lhe no tempo e no
espaço.
A psicologia ensina-nos que o grau de percepção, assim como de motivação, são determinadas pelas
necessidades, pois o organismo age de forma intencional voluntária ou
involuntariamente, para buscar o “optimum de equilíbrio fisiológico,
social e humano”.
O Teórico Abraham Maslow: afirma
que as motivações humanas obedecem a uma hierarquia de necessidades e desejos.
Essas necessidades vão desde factores que garantem a sobrevivência até as que
nos levam às melhores transformações e evoluções, dentro dos campos
situacionais, profissionais e
existenciais. Os tipos de necessidades então seriam:
1.
Fisiológicas (fome, sede, ar, sexo e sono),
2.
Segurança (abrigo, protecção e ausência de
perigo),
3.
Amor (filiação, aceitação e sentimento de
pertencer),
4.
Estima (realização, aprovação, competência e
reconhecimento),
5.
Autorrealização (possibilidades de uso das
potencialidades individuais, com contínuo aprimoramento).
Para Maslow, quando uma dessas
necessidades permanece insatisfeita, pode dominar todas as outras, isto é, quanto
maior for o grau de satisfação e realização das necessidades, maior também
seria a motivação humana para o crescimento e desenvolvimento social/individual.
Essa visão explica os interesses e as
formas de funcionamento das pessoas em geral e faz com que identifiquemos os
motivos que levam as pessoas a estarem em diferentes níveis de motivação, possibilidades
e aspirações, no campo do trabalho,
principalmente.
É verdade que não é possível satisfazer
todas as necessidades do homem, dado que, estas são infinitas. Todavia, se as
necessidades Fisiológicas (fome, sede, ar, sexo e sono) e
de Segurança (abrigo, protecção e ausência de perigo) forem
satisfeitas pelos PROFESSORES, já estaremos a dar, certamente passos galopantes
para a tão almejada qualidade de ensino. Acredito que as outras necessidades
serão satisfeitas se as duas primeiras estiverem realizadas pelo indivíduo. Então!?
Como fazer isso?
Para além de um salário que se coaduna
com a realidade do mercado moçambicano, penso que há um factor bastante
fundamental, e que deve ser dada devida atenção para ultrapassarmos isso de
forma inteligente. É preciso apostar na segurança alimentar para todos os
moçambicanos. Ora vejamos que de acordo com um estudo feito sobre a “Analise da pobreza em Moçambique” cerca
de 45% dos menores de cinco anos
sofriam de desnutrição crónica em 2009 ou seja, tinham uma altura-para-idade
muito baixa, uma melhoria em relação a 49% em 1997. Estas taxas de subnutrição
estão entre as mais altas do mundo[1].
Dentre várias
consequências da desnutrição temos o atraso no desenvolvimento corporal e intelectual nas
crianças. Logo, o grau de percepção de uma matéria
escolar,, inteligência e criatividade depende, em grande parte, dos antecedentes alimentares.
É aconselhavel o uso de alimentos que contenham ferro em todas as
fases da vida, mas, em especial, em bebés e idosos, que possuem uma
necessidade maior de ferro no organismo para aumentar o seu cérebro e isto, por
sua vez, a capacidade de aprendizagem.
Exemplo:
Como podemos ver, a qualidade de ensino em Moçambique
está em baixo nível qualitativo, não apenas pelas políticas educacionais que estejam
a falhar, mas a actuação deficitária de outros sectores da sociedade afecta
directa ou indirectamente o funcionamento do da educacao. Por exemplo, enquanto
tivermos problemas de alimentação teremos naturalmente problemas de qualidade
de ensino. Por isso, penso que seja extremamente preciso que todos os sectores
se harmonizem e trabalhem com planos integrados. Caso contrário, não se pode falar de uma qualidade de ensino enquanto as necessidades fundamentais de muitos mocambicanos permanecerem insatisfeitas.
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